Brasilia dia 5…
Episodio de hoje: Um dia é da caça o outro é do caçador.
O dia começou com o maior índice de humidade da temporada, não havia aquela secura no ar que fazia com que você sentisse sede só de respirar o ar do cerrado, tinhasmos... nuvens! :)
As 12:00 com asa montada e assistindo as decolagens do campeonato pude perceber as formações pipocando no vale. Sobre o planalto o céu estava completamente formado, parecia um tabuleiro de xadrez, dava pra imaginar um pontilhado com uma seta, "para brasilia siga o pontilhado". Hoje vai ser fácil pensei.
Decolei as 13:15 novamente, tive alguma dificuldade para subir a primeira térmica de tal forma que acabei abandonando as bolhas na cara da rampa e parti em direção as formações sobre o platô que mostravam condições muito melhores.
Fui em direção a Fazenda JL, buscar a mesma térmica dos outros dias com a facilidade de que hoje ela estava marcada por uma bela nuvem, joguei em baixo e fui a 3000m. As nuvens cobrindo o céu tornou o vôo muito mais frio que nos outros dias, na base das nuvens todo o meu aparato não conseguia me proteger adequadamente do frio, proximo do final do voo ia descobrir que o canudinho do reservatório de agua que fica esposto ao vento frio estava congelado.
O vento de hoje era NE, possibilitando o mesmo vôo do dia anterior mas sem muita ajuda do vento pois ele entrava na diagonal de cauda no caminho pra Brasilia.
No topo do JL mandei na reta para Planaltina no mesmo caminho de ontem entre dessa vez com a vantagem de ter as térmicas marcadas pelas nuvens, estava muito mais fácil.
Para facilitar a travessia de planaltina joguei debaixo de uma nuvem no meio do nada para garantir altura ao chegar lá, nesse ponto cheguei a maior altitude de toda a temporada 3200m.
Apesar de toda a festa e térmicas marcadas a rota de planaltina começava a me preocupar, a cidade estava toda coberta por formações. Diferente do vôo no azul onde o sol aquece o solo e desprende térmicas constantemente, o vôo com formações, apesar de tornar mais fácil encontrar-las, trazem um componente estratégico a mais, se a nuvem for muito extensa ou espessa ela tapa o sol que não aquece o solo e como resultado não há térmica.
Estava a cerca de 15 Km de planaltina e tinha que tomar uma decisão, esperar a sombra dissipar para que o ciclo térmico comece de novo, apostar que ainda haveria térmicas soltando e mandar pra baixo da nuvem ou tentar cruzar a nuvem para o outro lado da idade onde havia sol.
Decidi que esperaria a nuvem dissipar sobre planaltina para continuar a viagem, esperava que a mesma não ficasse por lá por mais do que 30 minutos
Encontrar algo foi fácil, marcações estavam por toda aparte, o problema é que começou a sombrear onde eu estava antes que a sombra em planaltina permitisse ao sol aquecer o solo. Resultado é que chegou uma hora em que fui forçado a fazer a travessia pois começou a afundar em toda parte.
Quando começaram meus problemas…
Estava muito alto, na base das nuvens o que me deixava em uma situação bastante confortável para a travessia mas assim que coloquei debaixo da maçaroca de planaltina só acertei afundamentos. Normalmente sem térmicas a asa afunda a uma taxa de 0.7m/s a 75km/h mas assim que entrei debaixo da nuvem fui acertado por descendentes de 12 a 15m/s. Não estava perdendo altura, estava sendo arremessado ao chão pela natureza… :(
Acelerei para sair do afundamento mas a situação não era boa, do jeito que a coisa ia estaria no chão em 5 minutos, a cidade estava embaixo e com a serra do maranhão a direita comecei a aproar na direção da reserva.
Estava sobre a reserva quando o afundamento parou, encontrei uma pequena bolha em que me agarrei como pude, me concentrando para não escorregar dela.
A deriva me empurrava para fora da reserva e depois da cidade mas ao olhar para baixo vi uma asa pousada no meio da reserva, comecei a ter pensamentos de vai dar merda… mas me controlei, não podia deixar esse tipo de pensamento entrar na minha cabeça ou seria o fim.
Fui me arrastando a baixa altura ouvindo os carros passando na rodovia até que a realidade se estabeleceu e a gravidade passou a ganhar novamente e pousei depois da cidade próximo a lagoa da embrapa em um arado gigantesco
Meu eficiente resgate acompanhou o vôo todo e me viu pousar, logo estava a meu lado.
Pois é, esse foi o dia da caça onde as condições não favoreceram a chegada na esplanada.
Amanha mando o último vôo.
H2
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