Brasilia dia 6…
Episodio de hoje: não importa onde se vá, é sempre morro acima e contra o vento.
O dia começou com o mesmo índice de humidade do dia anterior mas com um componente prejudicial, a direção do vento. Como no primeiro dia, ele estava entrando de SE que é vento contra pra quem vai para Brasilia.
A comissão de prova estava discutindo se estabelecia uma prova para os lados de São Gabriel no intuito de aproveitar o empurrão do vento, eu pessoalmente estava muito afim de terminar a temporada de vôos no cerrado com mais um pouso na esplanada.
Mais uma vez montei e fui assistir a largada da prova que acabaria por evidenciar a primeira dificuldade do dia, as térmicas no vale estavam fracas.
Praticamente todo o grid teve dificuldades para ganhar altura depois da decolagem e lá pelas 12:45 todos haviam decolado e por mais incrível que possa parecer o vento tinha parado. Dada a altitude em relação ao nível do mar, as decolagens só ocorrem na presença de vento caso contrário a asa não sai do chão. Na esperança de que o vento retornasse logo me preparei e engatei na asa mas seriam mais 45 minutos antes que o vento entrasse com pressão o suficiente na rampa para permitir decolagens novamente.
As 13:45 o vento voltou a soprar forte no cerrado e consegui decolar com um grupo de asas que estava esperando na rampa, estava tarde e eu estava ficando preocupado, com térmica fraca e contra-vento chegar em Brasilia não seria fácil.
Condições de vôo fracas são especialmente estressantes pois todos os pilotos vão girar a mesma térmica. São umas 40 asas girando juntas, um monte no mesmo nível que você, outro monte em cima, mais uns em baixo e uma meia dúzia querendo entrar para girar térmica com a turma. Um repórter assistindo do solo chegou a comparar o evento a um famoso video do transito da índia onde um monte de veículos fazem conversão em um cruzamento mas ninguém bate.
Voltando ao vôo, a termal era realmente muito fraca mas consistente, estava levando a galera pra cima mas muito devagar e pior na direção contrária a Brasilia. A medida que ia subindo algumas asas escorregavam, outras abandonavam e outros simplesmente resolviam seguir viagem da altura que estavam me dando algum espaço para girar sem ter que me preocupar com o tráfego.
A 3000m resolvo que aquela térmica já rendeu o que tinha de render e saio na direção de Brasilia porem estava muito dentro do vale e só a distância de volta a rampa era uma tirada considerável.
Por causa da condição fraca tive receio de cair no vale então resolvi jogar pra cima do planalto para, caso não conseguisse evoluir mais nada, pelo menos facilitar o resgate.
Apesar da condição estar fraca as térmicas eram abundantes, peguei outra bolha atras de rampa, perto da rodovia br-020, que me colocou em 3000 novamente e fui seguindo viagem mas dessa vez não usei a rota "faca nos dentes" dos dias anteriores, fui mais conservador acompanhando a br-020.
A estratégia mais conservadora e a condição fraca acabaram por produzir 2 efeitos adversos no vôo. O primeiro era o atraso, a falta de vento me obrigou a decolar tarde 13:45, as térmicas fracas me impediram de evoluir mais rápido, nos outros dias chegava em planaltina as 14:30, nesse dia cheguei as 15:30. O outro era o desgaste, voar no contra-vento era um exercício de paciência, tirava por 15 km e a deriva da próxima térmica me fazia retroceder 5km.
Nesse ritmo de 3 pra frente 1 pra trás fui voando. Fazenda JL, trevo de planaltina, posto texaco-advance, reserva.
Chegando em Sobradinho olhei para o relógio que indicava 16:30, estava quase em Brasilia mas também totalmente esgotado, avaliei seriamente a opção de continuar e não ter força pra comandar a asa no pouso ou abandonar o vôo em sobradinho e pousar ainda com açúcar no sangue o suficiente para manter a qualidade de minhas decisões e optei por pousar.
Fui resgatado as 17:15 e fomos para a cerimónia de encerramento do campeonato de Brasilia.
Nesse dia precisei de 2 dorflex pra dormir sem gemer de dor nos braços.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Brasilia dia 5
Brasilia dia 5…
Episodio de hoje: Um dia é da caça o outro é do caçador.
O dia começou com o maior índice de humidade da temporada, não havia aquela secura no ar que fazia com que você sentisse sede só de respirar o ar do cerrado, tinhasmos... nuvens! :)
As 12:00 com asa montada e assistindo as decolagens do campeonato pude perceber as formações pipocando no vale. Sobre o planalto o céu estava completamente formado, parecia um tabuleiro de xadrez, dava pra imaginar um pontilhado com uma seta, "para brasilia siga o pontilhado". Hoje vai ser fácil pensei.
Decolei as 13:15 novamente, tive alguma dificuldade para subir a primeira térmica de tal forma que acabei abandonando as bolhas na cara da rampa e parti em direção as formações sobre o platô que mostravam condições muito melhores.
Fui em direção a Fazenda JL, buscar a mesma térmica dos outros dias com a facilidade de que hoje ela estava marcada por uma bela nuvem, joguei em baixo e fui a 3000m. As nuvens cobrindo o céu tornou o vôo muito mais frio que nos outros dias, na base das nuvens todo o meu aparato não conseguia me proteger adequadamente do frio, proximo do final do voo ia descobrir que o canudinho do reservatório de agua que fica esposto ao vento frio estava congelado.
O vento de hoje era NE, possibilitando o mesmo vôo do dia anterior mas sem muita ajuda do vento pois ele entrava na diagonal de cauda no caminho pra Brasilia.
No topo do JL mandei na reta para Planaltina no mesmo caminho de ontem entre dessa vez com a vantagem de ter as térmicas marcadas pelas nuvens, estava muito mais fácil.
Para facilitar a travessia de planaltina joguei debaixo de uma nuvem no meio do nada para garantir altura ao chegar lá, nesse ponto cheguei a maior altitude de toda a temporada 3200m.
Apesar de toda a festa e térmicas marcadas a rota de planaltina começava a me preocupar, a cidade estava toda coberta por formações. Diferente do vôo no azul onde o sol aquece o solo e desprende térmicas constantemente, o vôo com formações, apesar de tornar mais fácil encontrar-las, trazem um componente estratégico a mais, se a nuvem for muito extensa ou espessa ela tapa o sol que não aquece o solo e como resultado não há térmica.
Estava a cerca de 15 Km de planaltina e tinha que tomar uma decisão, esperar a sombra dissipar para que o ciclo térmico comece de novo, apostar que ainda haveria térmicas soltando e mandar pra baixo da nuvem ou tentar cruzar a nuvem para o outro lado da idade onde havia sol.
Decidi que esperaria a nuvem dissipar sobre planaltina para continuar a viagem, esperava que a mesma não ficasse por lá por mais do que 30 minutos
Encontrar algo foi fácil, marcações estavam por toda aparte, o problema é que começou a sombrear onde eu estava antes que a sombra em planaltina permitisse ao sol aquecer o solo. Resultado é que chegou uma hora em que fui forçado a fazer a travessia pois começou a afundar em toda parte.
Quando começaram meus problemas…
Estava muito alto, na base das nuvens o que me deixava em uma situação bastante confortável para a travessia mas assim que coloquei debaixo da maçaroca de planaltina só acertei afundamentos. Normalmente sem térmicas a asa afunda a uma taxa de 0.7m/s a 75km/h mas assim que entrei debaixo da nuvem fui acertado por descendentes de 12 a 15m/s. Não estava perdendo altura, estava sendo arremessado ao chão pela natureza… :(
Acelerei para sair do afundamento mas a situação não era boa, do jeito que a coisa ia estaria no chão em 5 minutos, a cidade estava embaixo e com a serra do maranhão a direita comecei a aproar na direção da reserva.
Estava sobre a reserva quando o afundamento parou, encontrei uma pequena bolha em que me agarrei como pude, me concentrando para não escorregar dela.
A deriva me empurrava para fora da reserva e depois da cidade mas ao olhar para baixo vi uma asa pousada no meio da reserva, comecei a ter pensamentos de vai dar merda… mas me controlei, não podia deixar esse tipo de pensamento entrar na minha cabeça ou seria o fim.
Fui me arrastando a baixa altura ouvindo os carros passando na rodovia até que a realidade se estabeleceu e a gravidade passou a ganhar novamente e pousei depois da cidade próximo a lagoa da embrapa em um arado gigantesco
Meu eficiente resgate acompanhou o vôo todo e me viu pousar, logo estava a meu lado.
Pois é, esse foi o dia da caça onde as condições não favoreceram a chegada na esplanada.
Amanha mando o último vôo.
H2
Episodio de hoje: Um dia é da caça o outro é do caçador.
O dia começou com o maior índice de humidade da temporada, não havia aquela secura no ar que fazia com que você sentisse sede só de respirar o ar do cerrado, tinhasmos... nuvens! :)
As 12:00 com asa montada e assistindo as decolagens do campeonato pude perceber as formações pipocando no vale. Sobre o planalto o céu estava completamente formado, parecia um tabuleiro de xadrez, dava pra imaginar um pontilhado com uma seta, "para brasilia siga o pontilhado". Hoje vai ser fácil pensei.
Decolei as 13:15 novamente, tive alguma dificuldade para subir a primeira térmica de tal forma que acabei abandonando as bolhas na cara da rampa e parti em direção as formações sobre o platô que mostravam condições muito melhores.
Fui em direção a Fazenda JL, buscar a mesma térmica dos outros dias com a facilidade de que hoje ela estava marcada por uma bela nuvem, joguei em baixo e fui a 3000m. As nuvens cobrindo o céu tornou o vôo muito mais frio que nos outros dias, na base das nuvens todo o meu aparato não conseguia me proteger adequadamente do frio, proximo do final do voo ia descobrir que o canudinho do reservatório de agua que fica esposto ao vento frio estava congelado.
O vento de hoje era NE, possibilitando o mesmo vôo do dia anterior mas sem muita ajuda do vento pois ele entrava na diagonal de cauda no caminho pra Brasilia.
No topo do JL mandei na reta para Planaltina no mesmo caminho de ontem entre dessa vez com a vantagem de ter as térmicas marcadas pelas nuvens, estava muito mais fácil.
Para facilitar a travessia de planaltina joguei debaixo de uma nuvem no meio do nada para garantir altura ao chegar lá, nesse ponto cheguei a maior altitude de toda a temporada 3200m.
Apesar de toda a festa e térmicas marcadas a rota de planaltina começava a me preocupar, a cidade estava toda coberta por formações. Diferente do vôo no azul onde o sol aquece o solo e desprende térmicas constantemente, o vôo com formações, apesar de tornar mais fácil encontrar-las, trazem um componente estratégico a mais, se a nuvem for muito extensa ou espessa ela tapa o sol que não aquece o solo e como resultado não há térmica.
Estava a cerca de 15 Km de planaltina e tinha que tomar uma decisão, esperar a sombra dissipar para que o ciclo térmico comece de novo, apostar que ainda haveria térmicas soltando e mandar pra baixo da nuvem ou tentar cruzar a nuvem para o outro lado da idade onde havia sol.
Decidi que esperaria a nuvem dissipar sobre planaltina para continuar a viagem, esperava que a mesma não ficasse por lá por mais do que 30 minutos
Encontrar algo foi fácil, marcações estavam por toda aparte, o problema é que começou a sombrear onde eu estava antes que a sombra em planaltina permitisse ao sol aquecer o solo. Resultado é que chegou uma hora em que fui forçado a fazer a travessia pois começou a afundar em toda parte.
Quando começaram meus problemas…
Estava muito alto, na base das nuvens o que me deixava em uma situação bastante confortável para a travessia mas assim que coloquei debaixo da maçaroca de planaltina só acertei afundamentos. Normalmente sem térmicas a asa afunda a uma taxa de 0.7m/s a 75km/h mas assim que entrei debaixo da nuvem fui acertado por descendentes de 12 a 15m/s. Não estava perdendo altura, estava sendo arremessado ao chão pela natureza… :(
Acelerei para sair do afundamento mas a situação não era boa, do jeito que a coisa ia estaria no chão em 5 minutos, a cidade estava embaixo e com a serra do maranhão a direita comecei a aproar na direção da reserva.
Estava sobre a reserva quando o afundamento parou, encontrei uma pequena bolha em que me agarrei como pude, me concentrando para não escorregar dela.
A deriva me empurrava para fora da reserva e depois da cidade mas ao olhar para baixo vi uma asa pousada no meio da reserva, comecei a ter pensamentos de vai dar merda… mas me controlei, não podia deixar esse tipo de pensamento entrar na minha cabeça ou seria o fim.
Fui me arrastando a baixa altura ouvindo os carros passando na rodovia até que a realidade se estabeleceu e a gravidade passou a ganhar novamente e pousei depois da cidade próximo a lagoa da embrapa em um arado gigantesco
Meu eficiente resgate acompanhou o vôo todo e me viu pousar, logo estava a meu lado.
Pois é, esse foi o dia da caça onde as condições não favoreceram a chegada na esplanada.
Amanha mando o último vôo.
H2
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Fotos do vôo da esplanada
Por onde vim, São Gabriel a esquerda. No horizonte mais a direita da foto a rampa.
---
Durante a cruzada de Planaltina olhando para tras na direção da rampa, a direita a Reserva ecológica das aguas emendadas
---
Reserva Ecológica das Aguas Emendadas, Brasilia fica para a direita
---
Serra do maranhão, terra de ninguem, Brasilia fica a esquerda
---
No canto inferior direito a Torre Digital em Sobradinho
---
Lago Paranoá
---
Cheguei!!!
---
Recado dos amigos ao congresso nacional
---
Familia que voa unida, unida permanece.
Brasilia dia 4
Brasilia dia 4…
Episodio de hoje… Saindo da Zona de Conforto.
Toda a estratégia de vôo até agora tem se baseado em conforto, ter uma rodovia logo abaixo para facilitar o resgate, passar próximo a civilização em caso de problema, estar ao alcance do sinal de telefone celular, entre outras coisas.
Fazendo uma analise do vôo anterior cheguei a conclusão de que estava desperdiçando uma série de recursos a meu dispor para justamente momentos mais tensos, estou voando asa de alta performance, usando um casulo de pouco arrasto, um rádio de ondas curtas no carro e na asa, GPS, barrinhas de cereal e 2 litros de água
A rota anterior me forçava a fazer um L gigantesco para chegar na esplanada, 120Km de vôo justamente por causa das facilidades logo abaixo enquanto que, se tirasse em linha reta para Brasilia precisaria "apenas" de 80 Km de vôo. O problema dessa rota é que ela me colocava distante de rodovias, sobre alguns povoados perdidos no centro-oeste brasileiro, sem sinal de celular e próximo da temida serra do Maranhão, terra de ninguém.
Acordei hoje disposto a sair da zona de conforto, jogar pra trás e me perder no azul.
A previsão era muito boa, índice térmico alto, térmicas fartas, e vento soprando de Leste que da rampa empurra em uma linha reta para Brasilia.
Decolei as 13:15 e mandei imediatamente para a direita onde a primeira boa notícia do dia aconteceu, tomei um chute pra cima de 5.1m/s tão liso que parecia um afago porem o topo dela estava muito baixo ainda 2500m, o teto subiria ao longo do dia mas por enquanto teria que me contentar com isso.
E vamos nos, dei de cauda para o vento e fui em direção a BR-020 até aí era a mesma coisa que os vôos anteriores.
Neste ponto o primeiro momento tenso do vôo, encontrar a próxima termica para continuar o vôo. Fui seguindo a BR-020 na esperança de que algum caminhão, carro, trator desprendesse uma térmica que me jogasse pra cima, por longos minutos não passou carro algum na rodovia e eu ia ficando baixo até que vejo um trator a minha direita levantando porreira e decido que é lá ou chão.
Nem cheguei perto tomei pra cima em uma bicuda que me fez brigar com a asa por bom tempo até abandona-la a 2800m pra não cansar. Mandei o resgate pra planaltina de goias a 40 km dali regulando a transmissão de sinal a toda força pra gente conseguir se falar, dei de cauda para o vento de novo, CG em 3/4 e fui em frente.
Lá pelas tantas olhei para trás e a BR-020 era apenas um fio dental, São Gabriel a minha direita estava a 60Km a estrada para planaltina a esquerda estava a 15km de distância e Planaltina 20 a minha frente, olhei pra baixo e só vi arados enormes, estava praticamente no meio do nada. Lembrei de um email na lista de planadores em que um piloto durante um campeonato no interior da Bahia pousou em uma plantação destas e foi na direção das colheitadeiras para pedir ajuda ao operador quando descobriu que todas elas eram automáticas e operadas via satélite de uma central kilometros dali. Ele precisou forçar e entrada na maquina e aparecer na câmera para uma guarnição de segurança da fazenda aparecer de helicóptero para investigar o ocorrido.
Peguei uma sobre um arado recem trabalhado que me deu altura suficiente para me permitir chegar na beirada da cidade de planaltina, sobre o que parecia ser uma olaria, ufa a primeira parte da travessia "faca nos dentes" estava concluída, agora vinha a segunda parte, atravessar Planaltina.
A cidade não era lá grande coisa mas tinha a sua esquerda a reserva ecológica das águas emendadas e a sua direita a serra do maranhão, circunda-la não era uma opção, pela serra nem pensar e pela reserva bem… é uma reserva de fauna e flora nativa, pousar lá me traria problemas legais, então sem escolha comecei a procurar térmicas na borda da cidade. O pessoal de Brasilia sempre diz que a reserva era um ótimo gerador de térmicas mas baixo do jeito que estava ficando eu certamente terminaria minha aventura no meio do mato.
Há cerca de 500m achei um autêntico canhão que me levou a 2800 de novo, fiz minhas contas olhei para o outro lado da cidade e para a reserva e parti para cruzada.
Pra minha grata surpresa a cidade em si é um enorme gatilho de térmica, eu praticamente não perdi altura cruzando a cidade, muito pelo contrário ganhei altura. Comecei o sobrevôo de planaltina a 2800 e sai a 3200, neste ponto comecei a acreditar que conseguiria chegar na esplanada pois comecei a avistar o lago Paranoá no horizonte, estou na metade do caminho pensei.
O festival de térmicas e a orgia de sustentação duraram até eu cruzar a reserva, cheguei do outro lado acelerando pra não deixar a asa subir, o frio estava insuportável.
Cheguei em Sobradinho feliz por ter deixado a parte mais selvagem do vôo pra trás, agora tinha uma cidade grande, rodovia, sinal de celular, resgate ao alcance e Brasilia estava no visual, lembrei de um colega voador que um dia disse, "a sorte sempre acompanha o audaz".
Fui andando, beliscando algumas bolhas de 1.5 e continuando em frente na esperança de pegar algo mais forte e consistente mas não encontrando nada, o fato me deixou preocupado mas uma olhada no relógio logo deu uma explicação, eram 15:30, o sol não estava mais a pino, as térmicas estavam ficando fracas tinha que acelerar.
Em cima da guerra eletrônica ( um quartel da polícia ) cheguei a um ponto decisivo, cruzar o lago paranoá mas estava muito baixo. Decidi ir na direção do lago na esperança de que o contraste terra/agua estivesse desprendendo alguma ultima coisa no fim do dia, na pior das hipóteses pousaria em alguma mansão nas margens do lago, fiquei impressionado com a área verde próximo a eles.
A aposta deu resultado e consegui uma pequena bolha de 1.5 que girei durante quase 20 minutos me colocando no cone de planeio para a esplanada me permitindo as fotos desse vôo!
Fiquei impressionado comigo mesmo neste vôo, o efeito que a necessidade de acertar a próxima térmica, a necessidade de não errar o ciclo, de não errar o planeio fazem com a cabeça de uma pessoa quando ela não outra opção a não ser acertar.
Amanha tem mais
H2
domingo, 28 de agosto de 2011
Brasilia dia 3
Brasilia dia 3
Episodio de hoje… De novo no mesmo lugar igualzinho ao dia anterior
Diferente do dia anterior a terça feira começou com vento de NE na rampa, que ajuda muito mais que o SE de ontem para chegar na esplanada.
A atividade térmica prevista era mais forte que no dia anterior o que teoricamente tornaria mais fácil a tirada para a esplanada.
O vento se manteve até a hora da decolagem. Sai as 13:00 e sustentei no lift na cara da rampa até desprender uma bolha que me levaria a 2800. Diferente do domingo onde a deriva me empurrava para a BR-020 essa me empurrava para a garganta a direita da rampa, onde o vento toma velocidade rouba muita altura do planeio mas contribui para melhores condições térmicas do outro lado, a idéia era subir o suficiente para cruzar a garganta e engatar e uma bolha do outro lado e continuar a viagem.
A primeira parte do plano deu certo e estava com sorte pois a perda de altura não foi tão severa assim, o que me permitiu voar planalto adentro a procura de térmicas melhores.
Encontrei uma ótima bolha em cima da fazenda JL já perto da BR, a coisa parecia evoluir bem e estava com esperanças de fazer esplanada hoje. Fui na base novamente a 2800 e continuei viagem até o trevo de Brasilinha onde as coisas começaram a desandar…
O vento apertou no trevo e começou a quebrar as térmicas. Elas passaram a ficar falhadas e de deriva muito forte, se estivesse depois da reserva teria virado de cauda para o vento ou deixado a deriva me levar em direção a Brasilia mas no trevo de Brasilina não podia fazer isso pois estaria voando paralelo a rota de Brasilia mas cerca de 20Km fora dela, tinha que continuar até depois da reserva.
Depois de muita batalha consegui chegar ao topo de novo e mandei na direção do Posto Texaco na BR-020, só que tive que queimar muita altura pois a deriva da última termal tinha me jogado para longe da BR, além de continuar a viagem ainda tive que gastar altura no contra-vento pra voltar a BR.
Cheguei no Texaco baixo e encontrei outra falhada e turbulenta que tentei evoluir sem sucesso, ganhava 3 metros perdia 2. Desisti dela antes do topo e resolvi forçar na rota da BR na esperança de encontrar alguma coisa mais redonda e enrroscável no caminho mas foram só bolhas quebradas, 10 Km depois fiquei baixo demais e a realidade se estabeleceu, a gravidade passou a ganhar e eu acabei pousando no mesmo lugar do primeiro dia (domingo).
Fui resgatado 30 minutos depois e fiquei avaliando a minha estratégia usada até hoje para chegar em BSB, e resolvi que, como não estava sendo resgatado pela patroa, tinha rádio de ondas curtas e o vento de amanha era Leste que empurra direto para Brasilia que iria arriscar um pouco mais para chegar ao sucesso.
Mas isso é um assunto para o próximo relato :)
Mando notícias…
H2
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Brasilia dia 2
60km/h de vento na decolagem, rajadas de 78Km/h. O vento jogou as asas pra cima na rampa como se fossem brinquedos, nem cheguei a montar. A organização do campeonato cancelou a prova de hoje...
Voltei pra casa e fiquei na piscina com a Gigi a tarde toda...
Amanha tem mais, mando notícias...
Voltei pra casa e fiquei na piscina com a Gigi a tarde toda...
Amanha tem mais, mando notícias...
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Brasilia dia 1
Brasilia dia 1
Fazem exatamente 5 anos desde o último vôo que fiz em Brasilia. Me vem a mente o vento nordeste que entra rasgando na rampa e os poderosos canhões de 7m/s que fazem você sentir a vela cheia! Me veio a lembrança das travessias do GAP, uma enorme garganta, um funil na parede do planalto central onde o vento ganha velocidade e torna o vôo para Brasilia um desafio a ser vencido.
Essas lembranças não serviram de nada para me ajudar no primeiro voo de volta a rampa do planalto central.
O dia começou com uma sensação estranha de total falta de vento, diferente do normal de brasilia onde é necessária ajuda até para levar a asa para a rampa, nesse dia não foi preciso ajuda nem para decolar.
Montei, me equipei e fiquei esperando regado a 3 litros de água antes de decolar pra compensar a secura do ar.
Minha decolagem foi simples e tranqüila, asa equilibrou fácil no ombro e o vento SE logo me mandou pra cima. dei um bordo a esquerda e fui seguindo o paredão até onde havia uma coluna de asas subindo.
Para chegar na esplanada temos que voar na direção SO mas com o vento entrando de SE enfrentaria um componente de vento contra que tornaria o vôo cansativo e desafiador.
A primeira térmica me jogou na deriva de São Gabriel, pra longe de Brasilia, cheguei no topo e forcei o contra-vento na direção do GAP já jogando para os lados da BR-020 que pretendia seguir até Brasilia.
Peguei a segunda logo depois do funil do GAP sobre o JL que me levou a 2800m e resolvi seguir a BR na direção da reserva, forçando o contra-vento na esperança de ao chegar lá poder encarar um vento mais de traves ao invés de vento contra.
A 2800m passei pra cima da camada de inversão e o efeito sustentação espetacular se fez presente novamente, fui acompanhando a BR onde girei 2 pequenas bolhas apenas para me manter acima da inversão e continuei forçando o contra-vento. Na altura do posto da policia rodoviária, já abaixo da inversão encontrei outra, bem forte (5.2m/s) que me levou novamente acima da inversão e foi outra algria de sustentação até o posto advance na BR-020.
Depois de quase 2 horas ralando contra o vento tentando chegar na reserva pra tornar o vôo mais fácil, consegui! Porem… as térmicas acabaram justamente quando virei de lado para o mesmo…
A asa foi planando planando planando até que em planaltina escolhi um campo de soja recem-colhido ontem terminei minha empreitada aérea…
Amanha tem mais…
Fotos seguem galera.
H2
Fazem exatamente 5 anos desde o último vôo que fiz em Brasilia. Me vem a mente o vento nordeste que entra rasgando na rampa e os poderosos canhões de 7m/s que fazem você sentir a vela cheia! Me veio a lembrança das travessias do GAP, uma enorme garganta, um funil na parede do planalto central onde o vento ganha velocidade e torna o vôo para Brasilia um desafio a ser vencido.
Essas lembranças não serviram de nada para me ajudar no primeiro voo de volta a rampa do planalto central.
O dia começou com uma sensação estranha de total falta de vento, diferente do normal de brasilia onde é necessária ajuda até para levar a asa para a rampa, nesse dia não foi preciso ajuda nem para decolar.
Montei, me equipei e fiquei esperando regado a 3 litros de água antes de decolar pra compensar a secura do ar.
Minha decolagem foi simples e tranqüila, asa equilibrou fácil no ombro e o vento SE logo me mandou pra cima. dei um bordo a esquerda e fui seguindo o paredão até onde havia uma coluna de asas subindo.
Para chegar na esplanada temos que voar na direção SO mas com o vento entrando de SE enfrentaria um componente de vento contra que tornaria o vôo cansativo e desafiador.
A primeira térmica me jogou na deriva de São Gabriel, pra longe de Brasilia, cheguei no topo e forcei o contra-vento na direção do GAP já jogando para os lados da BR-020 que pretendia seguir até Brasilia.
Peguei a segunda logo depois do funil do GAP sobre o JL que me levou a 2800m e resolvi seguir a BR na direção da reserva, forçando o contra-vento na esperança de ao chegar lá poder encarar um vento mais de traves ao invés de vento contra.
A 2800m passei pra cima da camada de inversão e o efeito sustentação espetacular se fez presente novamente, fui acompanhando a BR onde girei 2 pequenas bolhas apenas para me manter acima da inversão e continuei forçando o contra-vento. Na altura do posto da policia rodoviária, já abaixo da inversão encontrei outra, bem forte (5.2m/s) que me levou novamente acima da inversão e foi outra algria de sustentação até o posto advance na BR-020.
Depois de quase 2 horas ralando contra o vento tentando chegar na reserva pra tornar o vôo mais fácil, consegui! Porem… as térmicas acabaram justamente quando virei de lado para o mesmo…
A asa foi planando planando planando até que em planaltina escolhi um campo de soja recem-colhido ontem terminei minha empreitada aérea…
Amanha tem mais…
Fotos seguem galera.
H2
Assinar:
Postagens (Atom)