terça-feira, 25 de maio de 2010

Lembranças do inicio do vôo livre parte I

Li o Blog de um amigo agora pouco (http://www.valoriza.blogspot.com) que me fez lembrar com uma clareza impressionante de 3 episódios que aconteceram no início da minha "carreira" de piloto de asa delta, permitam-me uma ligeira divagação sobre o assunto em 3 partes!

A primeira delas aconteceu lá pelos idos de 2001, nas primeiras aulas de voo, quando treinamos à exaustão o processo de decolagem e pouso. Basicamente decolamos com uma asa de baixa performance de um "morrinho" de 30 metros e repetimos o procedimento até a perfeição. O detalhe interessante e que levou ao episódio em questão é que a corrida que uma pessoa normal faria ladeira abaixo não atinge velocidade o suficiente para gerar sustentação, pra sair voando, o sujeito tem que correr como se quisesse se atirar no chão, como se estivesse sendo seguido por um doberman louco pra morde-lo e é nesse ponto que surge a primeira memória.

Depois de nem lembro mais quantas vezes correr morro abaixo sem decolar, meu instrutor resolve filmar o processo e me mostrar o video, o dialogo seguinte foi mais ou menos assim.

I - Hamilton, você esta correndo com se estivesse carregando um peso ladeira abaixo
H2 - é mermão, cair nessa ribanceira e rolar com asa e tudo ladeira abaixo vai doer pra burro!
I - Esse é o problema, você não esta com o pensamento correto, você esta pensando que é um homem carregando alguma coisa, você tem que se imaginar uma ave correndo pra voar. Tenha fé no equipamento, a asa vai tirar você do chão, corre sem medo de cair.

Na vez seguinte decidi que ia correr pra me esborrachar no morro só que, como o mestre havia dito, a asa me tirou do chão, que alivio!!! :)

Mas uma coisa ele estava certo, era uma questão de mentalidade errada, medo, a técnica eu sabia e a estava aplicando corretamente, faltava me livrar do medo de me esborrachar no chão pra sair voando. Lembrei de uma frase do primeiro Matrix agora dito pelo Morpheus "free yourself from fear, don´t think you are, know you are"!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

São Pedro 22 de Maio

Depois de uma semana de muito trabalho, acordei tarde no sábado mas mesmo assim resolvi seguir o planejado, as 11:00 sai de casa em direção a São Pedro onde chegaria as 13:00 na pousada. Deixa as coisas, dá almoço da Gi e outras tarefas relacionadas a paternidade e partimos pra rampa.
As 15:30 estava engatado com o pé na rampa, ceu todo formado mas já ouvindo dos pilotos de parapente que a condição já esteve melhor, alguns minutos de observação e fui obrigado a concordar, parapentes sustentando no piriri mas não indo a parte alguma, um monte de gente equipado na rampa sem coragem pra decolar.
Bom pensei, viemos pra voar então vamos voar, afinal de contas merreca tambem é voo!

Vento de sul predominante, decolagem fácil, comandei imediatamente para a direita para colar no paredão e conseguir me sustentar nas bolhinhas.

Na primeira passagem, no final do paredão bati em um bolha consistente de 1.0 que me levou até 1100, baixo para os padrões de são pedro que fica a 600 metros, mas a abundancia de pousos e o planeio da asa davam uma certa confiança.

Tirei pra frente na esperança de pelo menos pousar no aeroclube de aguas de são pedro, dei duas enrroscadas em umas bolhas falhadas que não deram em nada e continuei indo em frente. 

Mais ou menos a meio caminho do aeroclube peguei uma bicuda de 3 que me jogou a 1100 m de novo e fui em frente (não... não passava de 1100), umas sacudidas aqui e outras ali fui ficando baixo, avistei um pouso na beira da estrada para Santa Maria da Serra mas resolvi voltar para a ultima térmica e tentar outra rota.

Encontrei ela ne mesmo lugar e fui de novo a 1100 m, tentei por cima da cidade passando por um haras imenso para o caso de precisar pousar, mais uma vez nada e voltei para a térmica.
Só que dessa vez ela estava turbulenta e não estava tão forte como antes, olhei para cima e notei que as formações estavam se dissipando, 400 acima do solo, olhei para o pouso oficial e meu orgulho disse "pouso oficial não" e meu senso de pai falou "tua mulher e tua filha estão resgatando". Me meter numa roubada por causa de 10km realmente não fazia muito sentido, apontei para o oficial e fiz um doce de pouso.

Acho que estou começando a pegar o timing to stall da combat, este pouso foi uma delicia, estou decolando e pousando agora com 1/3 de CG e as coisas realmente ficaram muito mais faceis...

Bom galera, amanha tem mais na rampa no horário certo, com humildade.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Dust Devils

pós 2 finais de semana seguidos dedicados ao voo livre, este foi a vez da familia. Passeio na praia, no shopping, presente de dia das mães, o que o amor não faz!!! :)

Sábado a noite depois de colocar a filha para dormir, fico clicando a esmo nos videos do youtube e encontro um interessantíssimo sobre dust-devils. O funcionamento do fenômeno, que ocorre principalmente em regiões com baixa pressão e umidade, é um tanto complexo. Uma forma simples de entender é considera-lo uma térmica que levantou poeira. Quando acontece em uma rampa de voo livre é uma correria pra segurar asas e parapentes pois o dust levanta tudo no seu caminho.

Lembro de uma temporada muito seca em andradas, acho que em 2005, em que apareceram dusts praticamente todos os dias na rampa. Em uma delas meu amigo Alexandre não estava atento e quase teve que buscar a asa no mato.

Lembrei agora escrevendo que em porciuncula, nordeste do estado do Rio de Janeiro, um dust levantou a asa do Rodrigo marinheiro e jogou ela em cima da asa do Felipe Ema, quebrando a barra dele, ou foi ao contrario?

Bom, abaixo um videozinho do estrago que o monstro provoca, esta em alemão!