domingo, 26 de junho de 2011

Andradas no feriado de corpus cristi parte 3

Episódio de ontem: agora vai… vai?

Chegamos tarde na rampa, o que seria apontado como a causa de um dos vôos mais agoniantes que já tive.

Chegamos as 11:30 na rampa, muito tarde para pegar o vôo certo. Até as 12:30 estava entrando um norte com pressão e pequenos cúmulos se formavam ao horizonte, todo mundo olhava e dizia, é hoje que vamos pra campinhas!

Montei o mais rápido que uma criança de 2 anos querendo atenção permitia mas infelizmente quando estávamos prontos o vento tinha virado de Noroeste. A pressão das térmicas ainda fazia o vento entrar de norte mas não sustentava nem os parapentes quando mais as nossas asas.

Ronaldão resolveu decolar e tentar se agarrar em alguma bolha no lado norte mas infelizmente não durou nem 2 minutos no ar o que desanimou o resto dos pilotos na rampa.

Até quase as 14:00 ninguém decolava pois seria chão na certa enquanto isso o céu e suas formações se tornavam mais e mais belos a medida que o dia ia se desenrolando, e nós presos ali na rampa sem poder decolar.

Exatamente as 14:40 o sol começou a aquecer o lado sul, forçando as bolhas a se desprenderem e fazendo o vento virar para sul na decolagem.

Comecei a desenhar o vôo na minha cabeça como uma aposta, o vento passado por cima da rampa de NO não ia nos deixar subir tão fácil assim para a parte de cima da cordilheira a menos que conseguíssemos decolar de sul e passar para o lado norte. Era uma condição parecida com a do feriado de pascoa exceto que estavamos no inverno, termicas mais fracas, pouca insolação, aquilo de praxe.

Bom, antes que a decolagem se deteriorasse novamente coloquei a asa no ombro e decolei (era pra ser o Fabiano hoje mas resolvi ir primeiro)

Fui direto para o pouso sul onde uma coluna de urubus mostrava uma evolução satisfatória, ela realmente subia com vontade mas a deriva era muito forte na direção da montanha e quanto mais se aproximava dela mais fraca a mesma ficava.

Demorou uma eternidade para ficar meia dúzia de palmos acima da cordilheira quando tentei a primeira cruzada mas afundei igual uma bigorna pra baixo da montanha.

Na minha segunda tentativa me afastei para depois do pouso sul pra tentar subir outra vez. Subi bem mais que da primeira mas quando tentei cruzar a cordilheira, novamente fui pra baixo e voltei com o rabo entre as pernas.

Nesse meio tempo o Daniel, decolou, engatou em uma na cara da rampa e derivou pra cima dela passando para o lado certo, passei o resto do vôo ouvindo ele dizendo que estava na base da nuvem.

Na terceira tentativa ganhei e fui em direção a rampa na esperança de que o que quer que tenha levado o daniel pra cima fizesse o mesmo comigo. Cheguei na rampa pouco acima da altura dela, havia uma sustentação boa mas não passava disto.

Depois de 1:30 com os braços doendo me entreguei e pousei

Foi uma ótima luta de onde não sai vitorioso mas o aprendizado foi valiosíssimo, da próxima vez acordar cedo!

Hoje domingo amanheceu uma ventaca de noroeste que nem me animei a subir, as previsões de chuva em são paulo aliado a retorno do feriado me fizeram optar por retornar cedo para casa.

Fui!

Fotos do Feriado

Em voo mesmo apenas o video e 1 foto pois manter-se no ar exigiu muita concentração pra não escorregar das térmicas e atenção com o volume de tráfego que havia ao redor.

Divirtam-se...



Gigi ajudando a montar a asa


Gigi liberando o papai para a decolagem


Instrumentos ligados


Voando


Fabiano passando acima


Eu passando em cima


Pousado


Confraternização de pilotos


Empacotando a tralha


Acabou o feriado... :(

Video de quinta-feira

O Feriado não fez jus ao que andradas tem de melhor para oferecer mas acabou sendo uma ótima diversão e treino de braços para quando a condição estiver fraca.

Abaixo um videozinho que editei. Na primeira parte eu e Fabiano enrroscando perto da cordilheira de são joão, na segunda parte meu pouso.

sábado, 25 de junho de 2011

Andradas no feriado de corpus cristi - parte 2

Andradas 24-06-2011

Episódio de hoje: Todo mundo ao mesmo tempo agora todos juntos na mesma térmica de uma vez...

O dia começou com aquele norte fraco na rampa que dava todos o indícios de que ia virar de sul quando o sol aquecesse aquela face da cordilheira Montamos as asas e aguardamos a virada, o vôo de norte não animava mesmo, paramentes decolavam e desciam ou decolavam e ficavam liftando no lado norte sem conseguir evoluir.

Hoje tivemos a ilustre presença do Rodrigo Rato, Neguim e o RUbão na rampa de andradas voando conosco.

Quando o vento virou nos aprontamos e alinhamos na rampa sul, sendo eu o primeiro (hoje era a minha vez). Fiquei um tempo observando uns parapentes. Quando eles começaram a girar térmica em cima do pouso sul comecei a estudar alternativas de saída nos gatilhos conhecidos, torre de alta tensão e cordilheira de noroca, caso nenhum desses desse certo eu me juntaria aos paracas em cima do pouso sul.

Decolei e tentei no primeiro gatilho e nada, no segundo gatilho e nada e de rabo entre as pernas me sobrou ir para o pouso sul na esperança de salvar o vôo. Cheguei embaixo dos paramentes e comecei a girar quando todos, asas, paramentes e urubus resolveram se juntar a nós. Foi uma enroscada tensa onde fiquei constantemente prestando atenção as asas e parapentes em volta. Por um relance olhei para baixo e perdia conta de quantas aeronaves haviam na mesma térmica…

A 2100m cheguei ao que parecia ser o topo e tirei em direção a primeira cidade como ontem na esperança de encontrar alguma coisa nos gatilhos conhecidos mas não encontrei nada ou apenas bolhas de 0.1 / 0.2. Perdendo altura e não querendo terminar a empreitada muito cedo voltei para a térmica anterior, só que dessa vez na parte debaixo, ela já não era mais tão consistente assim, estava fraca e falhada mas mesmo assim resolvi que ia subir até o topo dela outra vez pois parecia a única saída viável dali.

Cara, demorou uma eternidade mas consegui chegar no topo, o rádio anunciou o pouso do Fabiano, Neguim e o Daniel. Estavam só eu e o Rubão voando ainda, eu sobre a cordilheira e ele Deus sabe onde.

A cordilheira sustentava legal, fui até a cidade e voltei para um razante na rampa, tentei os gatilhos normais e conhecidos mas novamente não encontrei nada no máximo um 0.0. Lá pelas tantas recebo um radio do Rubão dizendo que estava enroscando em uma forte sobre o pouso sul, mais do mesmo pensei eu com meus botões, mas se estava forte talvez fosse a chance que precisava para sair para a tirada.

Encontrei o cara realmente estratosferado em cima do pouso sul e fui animado pra baixo dele pra ser decepcionado pela maior descendente que já tomei em andradas, -5.3!!! Realmente devia ser uma termal animal ali nas redondezas e juro que cisquei o quanto pude mas infelizmente a gravidade foi mais forte e não me restou alternativa mas pousar.

Pelo menos a confraternização de pilotos no pouso sul é um evento muito divertido depois de 2.5h de vôo que não nos levaram a lugar algum.

Acho que pela época do ano (inverno) não conseguiremos tirar muita coisa mesmo mas ainda assim vamos tentando.

Amanha mando o relato de hoje!

H2

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Andradas no feriado de corpus cristi parte 1

Andradas 23-06-2011

Episodio de hoje - Aprendendo a confiar na asa…

Ceu azul lindo, Vento Norte entrando com pressão na rampa, montei a asa com o Fabiano e fomos esperar a condição se desenvolver melhor para decolarmos. Acompanhamos as tentativas de uma asa que merrecou, alguns paramentes decolaram e fizeram o mesmo.

A coisa começou a melhorar lá pelas 13:00 quando os primeiros paramentes começaram a ganhar a rampa e ficar alto. Nos equipamos, engatamos e levamos as asas para a decolagem norte.

Apesar da ganhada dos parapentes o vôo não estava fácil, eles ralavam para subir e começamos a duvidar da qualidade do vôo mas bom, já estávamos aqui e viemos pra voar então vamos lá.

Fabiano decolou primeiro, deu um bordo na cara da rampa e começou a ganhar altura com consistência. Me animei e decolei logo em seguida, tomei de 1,7 na cara da rampa e comecei a girar. No primeiro ciclo já estava acima da rampa e a coisa foi melhorando, tinha picos de 3.2 mas na media ficava em torno de 1.7 e 1.5.

Colocamos 1500m e puxei o bonde da tirada por cima da cordilheira em direção a São João para evitar as descendentes do rotor do lado sul e tentar engatar em alguma coisa na cordilheira.

Infelizmente a realidade não se mostrou tão favorável, conheço 3 gatilhos daquele lado, a cordilheira, as torres de alta tensão e o um conjunto de eucaliptos no meio do nada entre o pouso sul e jardim.

Os 3 não deram em nada, passamos por eles e nada aconteceu. 

Ficando baixo e quase se resignando com o vôo fomos em direção ao pouso sul, chegando lá ficamos ciscando de um lado para o outro em bolhas permitiam manter a altura mas nada mais que isso.

Lá pelas tantas nos separamos, Fabiano foi atrás de um paramente que ganhava em cima da cidade de andradas e eu fui atras de um urubu. Tive mais sorte e encontrei uma falhada de 0.9 mas consistente que depois de incontáveis voltas me deixou a 800m. Procurando o Fabiano encontrei ele na merda indo em direção ao pouso sul… vai pousar pensei

Achando que pelo fato de estar no lado sul da cordilheira com vento de norte a coisa não estava evoluindo decidi abandonar meu piriri e ir en direção a jardim na esperança de encontrar alguma coisa melhor. Essa tirada precipitada quase me custou o vôo, bati numa descendente de 4.3 que me fez voltar para o piriri muito na merda, devia estar a uns 300 metros já planejando o pouso quando encontro o piriri de novo mas agora era uma consistente de 2.2 engatei nela e fui pra cima. No meio do caminho procurei o Fabiano e o encontrei estratosfera em cima da cordilheira da rampa vindo na minha direção!

Tenho que dar o braço a torcer, agarrar piriri até chegar na base é com ele mesmo, não tenho essa paciência.

Bati 1500m e tirei em direção a jardim, Fabiano veio atras mais baixo. Acertei a mega descendente de novo mas a altura me permitiu passar por ela e sair do outro lado com altura suficiente para chegar na estrada.

Não vi mais o Fabiano, acho que a descendente fez com ele a mesma coisa que fez comigo da primeira vez e ele voltou pra subir mais.

Tinha esperança de que o movimento dos carros desprendessem bolhas mais fortes, no final das contas até haviam bolhas mas eram muito falhadas, pouco consistentes, levei uma eternidade para chegar a 1000 de novo. Encontrava uma bolha dava 3 bordos ela sumia, encontrava outra mais 3 bordos e ela sumia, abandonava ia um pouco mais a frente e a coisa se repetia.

Fui nesse esquema até jardim (primeira cidade), cheguei lá a 600m, olhei na direção de pinhal e nenhum pouso decente só arados plantados, cana alta, morrotes e arvores.

Mirei alguns pousos e comecei a ciscar nas redondezas a procura de algo, encontrei uma de 0.9 consistente e fui subindo. Ainda olhando os pousos próximos começo a ver os parapentes que tinham decolado conosco pousados e outro baixo preparando para o pouso.

Comecei a avaliar a condição fraca, a situação de poucos pousos até pinhal e o grupo de paramentes pousados. A 1100 a térmica acabou e eu decidi voltar para o sul no contravento me preparando pra ficar pelo caminho.

Foi aí que o maior aprendizado do vôo começou. CG no MAXIMO asa aproada para o pouso sul e ela foi indo…

Vento assobiando a vela e ela indo... 

Sustentando e indo, duvidando que ia chegar e indo...

No meio do caminho estava mais alto do que esperava e indo…

Comecei a acreditar que ia chegar na final e indo…

Avistei uma asa (fabiano) debaixo da arvore do pouso sul ao longe, planejei a ultima perna base e indo…

Cheguei no pouso sul a cerca de 100 metros, com altura o suficiente para olhar biruta planejar pouso pensar no que fazer, desligar e levantar câmera e olhar a paisagem.

Comecei a vislumbrar a quantidade de oportunidades perdidas por simplesmente achar que a asa não planaria do ponto A ao B, fiquei embasbacado com o planeio dela.

Pousei, fofocamos, desmontamos a asa e voltamos pra pousada com gana pra amanha.

Não foi nenhuma quilometragem espetacular mas a ralação e o aprendizado deste voo foram muito bons, amanha tem mais, daqui a pouco subo os filmes no YouTube.

Phui!